segunda-feira, 21 de julho de 2014

Leituras e Sugestões de Verão

Início hoje mesmo a leitura de um (entre imensos outros) Livro Esmagador em todo o vasto sentido do termo: Três Tristes Tigres, de um Enorme e Grandioso Autor Cubano Guillermo Cabrera Infante.

Coloco aqui neste momento uma breve explicação sobre autor e esta sua magnificente obra:
Morre um dos grandes mitos do boom da literatura hispano-americana, aparecido nos anos 60. Cabrera Infante pertence à geração de Julio Cortázar, Carlos Fuentes, Manuel Scorza, García Márquez, Mario Vargas Llosa e tantos outros. Vindo após os escritores mais experimentados de outras décadas como os argentinos Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares e o mexicano Juan Rulfo, Guillermo Cabrera Infante não aderiu ao realismo mágico.
Guillermo Cabrera Infante, ao contrário dos seus pares de literatura, abominava o realismo mágico. Em entrevista que deu para Geneton Moraes Neto, em 1977, sobre literatura, o exílio e seus companheiros de aventura literária, falou sobre García Márquez e o realismo mágico. Foi sarcástico: “Quando o sujeito começa a levitar em Cem anos de solidão, eu parei de ler. Já tinha visto aquilo no filme A noviça rebelde”. Nesta mesma entrevista, elogiou com entusiasmo Guimarães Rosa pelo modo como o brasileiro contribuiu de forma extraordinária para a língua literária.
Cabrera Infante era um anticastrista convicto. Dizia-se um “reacionário de esquerda”. Homem de opiniões fortes, expressas em entrevistas, artigos e ensaios. Do companheiro de boom Carlos Fuentes afirmava ser um bom político, mas escritor de parcos recursos. Cabrera foi diplomata, de 1962 a 1965, ocupando o cargo de adido cultural do governo cubano na Bélgica. É em Bruxelas, no seu “exílio siberiano”, como ele próprio chamou, que escreve o romance Três tristes tigres. Em 1965, exila-se em Londres.
Conversei com o escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, autor de O rei de Havana, quando este esteve em Brasília para participar da Rodas de Leitura do CCBB. Em casa de Sérgio de Sá, que o recepcionou, perguntei sobre Cabrera Infante e a causa real de sua ruptura com o regime castristra. Gutiérrez tem uma versão muito havanesa sobre a “briga”. Contou-me que, em Havana, fala-se que Cabrera Infante tinha rompido com Fidel Castro não por questão ideológica, mas por diferença de temperamento. Nascido em Gibara, em 1929, foi muito jovem para a capital (1941). Mais tarde, ex-estudante de Medicina, sobressai-se como crítico de cinema e jornalista. Destacando-se na vida cultural de Cuba, Cabrera Infante, segundo ainda Gutiérrez, alimenta um ego que conseguia ser maior que o de Fidel, logo não poderia haver compatibilidade e Cabrera exila-se.
Jornalista, crítico de cinema, roteirista, Cabrera Infante é o fundador da Cinemateca Cubana que dirige de 1951 a 1956. E, em 1959, com o triunfo da Revolução Cubana, é-lhe oferecido o cargo de diretor do Conselho Nacional de Cuba. Publica, em 1960, o livro de contos Así en la paz como en la guerra. Sua bibliografia é variada. Conta com livros de contos, além do último citado, vale a pena incluir Delito por bailar chachachá (1995, traduzido para português por Floriano Martins), ensaios sobre cinema (Un oficio del siglo XX), cigarros (Holy Smoke, escrito em inglês) e até sobre cidades. A ser ressaltados, entre os títulos, está o romance autobiográfico La Habana para un infante difunto (1979) e, principalmente, sua obra mais conhecida e de maior valor literário: Três tristes tigres, publicada em 1967.

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