segunda-feira, 21 de julho de 2014

finalização

O depoimento de Códac sobre o amigo é eivado não só de admiração humana - rejeição pela morte abrupta:
Fue después, hoy, ahora mismo que supe que en la autopsia antes del entierro, que me negué a ir porque Bustrófedon metido allí dentro, en el ataúd, no era Bustrófedon sino otra cosa, una soca, un trasto inútil guardado en una caja fuerte... (p. 221)
- como também por um respeito intelectual profundo e até indicador de rumo estético, caminho de linguagem.
Bustrófedon siempre andaba cazando palabras en los diccionarios (sus safaris semánticos) cuando se perdía de vista y se encerraba con un diccionario, cualquiera, en su cuarto, comiendo con él en la mesa yendo con él al baño, durmiendo con él al lado, cabalgando días enteros sobre el lomo de un (mata) burro, que eran los únicos libros que leía u decía, le decía a Silvestre, que eran mejor que los sueños, mejor que las imaginaciones eróticas, mejor que el cine. (p.215)
A renúncia de Bustrófedon não é apenas uma renúncia da vida. É certo que ele não se suicida, sua morte é natural. Contudo, visto dentro do elenco de personagens, elenco este que se move, se agita constantemente pelas ruas e bares de La Rampa, em Havana, personagens que estão num moto contínuo, a morte de Bustrófedon representa um ato destoante, de paralisação, de imobilismo. Por isso escrevi que é uma renúncia, porque interrompe o fluxo eufórico da narrativa.
Outra renúncia de Bustrófedon é o não-ato de escrever. Recusa-se a deixar escrito - embora seja visto tanto pelo escritor “oficial” do livro, Silvestre, e pelo fotógrafo Códac, como escritor - qualquer um dos seus safáris semânticos. É através de uma gravação, também não aparecida no livro, e pelos relatos de Códac, que, por sua vez, já internalizou a paródia lingüística e temática do outro - que a linguagem de Bustrófedon aparece nas páginas de Três tristes tigres.
Bustrófedon se recusa não só a escrever como também a viver. Viver não fisicamente - já que sua morte, mesmo sendo interpretada como “renúncia” não foi nem pode ser vista como proposital -, mas no corpo do livro. A sua ausência, ou rápida aparição, aponta para um Bustrófedon que se nega na narrativa. A permanência de um personagem num livro qualquer implica vontade do autor, embora a maioria deles, inclusive o próprio Cabrera Infante, diga que não escreve o que quer, mas aquilo que a história e os personagens lhe pedem.
A renúncia de Bustrófedon não é, pois, apenas uma renúncia física ao mundo como também uma renúncia à literariedade. Observe-se como Cabrera Infante se refere ao ato de escrever.
La literatura no es la música o las matemáticas, que son lenguajes alternos, sistemas de comunicación diferentes del habla y de la escritura como comunicación cotidiana. Es, por tanto, imposible la creación de un lenguaje autónomo para la literatura, porque se pude incurrir en error estetizante de las bellas letras, la preocupación excesiva con el estilo, toda esa corriente, en la novela, postflaubertiana de la creación, à la riguer, de un estilo, de escribir bien, de la frase redondeada y la bella escritura que me parecen propósitos imbéciles...

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